sábado, 24 de abril de 2010

Lixo hospitalar exige cuidados especiais


Tratamento inadequado de resíduos dos serviços de saúde põe em risco os brasileiros e o meio ambiente.
Recentemente, duas crianças, em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, se feriram enquanto brincavam de espetar uma à outra com agulhas de seringas que haviam sido jogadas num terreno baldio. Uma dona de casa tentou acabar com a brincadeira e também acabou ferida. No lixo, havia também outros materiais hospitalares, cuja origem é desconhecida. Os médicos começaram a medicar preventivamente os feridos com AZT (para evitar uma possível replicação do vírus HIV) e com vacina contra hepatite.

Este é apenas mais um episódio de descaso com o lixo hospitalar - dejetos gerados por unidades de saúde, necrotérios, consultórios e até clínicas veterinárias – que, se não recebem manejo adequado, representa um grande perigo, tanto para a saúde das pessoas quanto para o meio ambiente. O Brasil gera cerca de 149 mil toneladas de resíduos urbanos por dia. Estima-se que o lixo hospitalar represente de 1% a 3% desse volume.

Dentre os dejetos que constituem resíduo hospitalar estão bolsas de sangue, seringas, agulhas, resto de medicamentos e curativos, material radioativo, lâminas de bisturis, membros humanos amputados e restos de comida servida a pacientes com doenças infecciosas. Quando a inadequação do descarte de resíduos se junta à falta de informação sobre o risco potencial desse tipo de material, surgem casos como o do interior paulista.

Descarte

Existem regras para o descarte desses resíduos, entre elas, uma estabelece que a segregação, tratamento, acondicionamento e transporte adequado dos resíduos é de responsabilidade de cada unidade de saúde onde eles foram gerados. Se os resíduos são depositados de acordo com a norma estabelecida pela Anvisa, não há riscos para o meio ambiente (com contaminação do solo, de águas superficiais e profundas) ou para a população (em decorrência da ingestão de alimentos ou água contaminados).

Segundo as normas do Ministério da Saúde, materiais hospitalares que podem produzir cortes e perfurações devem ser encaminhados para aterros sanitários, que não admitem a presença de catadores, o que torna segura a disposição final do lixo. Os resíduos biológicos apresentam dois componentes: os que precisam ser submetidos a tratamento antes da destinação final em solo e os que não necessitam de tratamento antes. Os dois tipos só podem ser descartados em locais devidamente licenciados pelo órgão ambiental.

Para o técnico Luiz Carlos Lima, da Anvisa, os resíduos químicos são os mais preocupantes, tanto pela ação direta de toxicidade no seu manuseio quanto por seu potencial de contaminação ambiental. “Os resíduos químicos perigosos não podem ser encaminhados para aterros sanitários. Devem ser submetidos a tratamento prévio ou então encaminhados para aterro especial para resíduos perigosos”, conclui.

Tudo isso é lixo hospitalar

Resíduos biológicos – Culturas de microorganismos de laboratórios de análises clínicas; bolsas de sangue; descarte de vacinas; órgãos, tecidos e líquidos corpóreos; agulhas, lâminas de bisturi e vidrarias de laboratórios.

Resíduos químicos – Medicamentos de risco, vencidos ou mal conservados; produtos químicos usados em laboratórios de análises clínicas; efluentes de processadores de imagem.

Rejeitos radioativos – Material radioativo ou contaminado usado na medicina nuclear, laboratórios de análises clínicas e radioterapia.

Rejeitos alimentares - Restos de comida servida a pacientes com doenças infecciosas.

Resíduos perfurocortantes – Materiais perfurocortantes tais como agulhas, lâminas e vidros.

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